Publicado em: 19 de abril de 2025
Atualizado em: 18 de abril de 2025
Compartilhe:

Neste sábado (19) se celebra no Brasil o Dia dos Povos Indígenas, data instituída no Brasil nos anos 1940. O dia visa celebrar a diversidade cultural dos povos indígenas brasileiros também será lembrada pela Universidade Federal de Roraima no evento chamado “Abril Indígena – Insikiran: resistência, formação superior e boas práticas”.

O evento ocorre no dia 30 de abril, com início às 9h, no Malokão do Instituto Insikiran, localizado no campus Paricarana. A programação do evento terá apresentação cultural da Banda Kruviana, sarau cultural, exposição de banners e faixas de projetos de pesquisa, extensão e ensino, além de mesas institucionais debatendo assuntos como “História do Insikiran e os desafios dos povos indígenas” e também as “Boas práticas e os impactos sociais da formação superior indígena”.

Em 2024 o evento “Abril Indígena” também ocorreu no Malokão do Instituto Insikiran – Foto: Pablo Felippe – Coordcom/UFRR

Conforme a professora da UFRR e organizadora do evento, Danielle Trindade, o objetivo do evento é, sobretudo, discutir a formação superior indígena e destacar como a UFRR tem buscado atender essa demanda.

“A ideia esse ano é falarmos sobre as boas práticas realizadas pelo Instituto Insikiran desde a sua fundação. Com a primeira mesa, vamos falar um pouco sobre o processo histórico de construção do Insikiran e traremos as lideranças indígenas e professores que estiverem desde o início da construção do instituto. Já a segunda mesa é voltada para mostrarmos as boas práticas que estamos desenvolvendo ao longo desses anos no ensino superior dentro da formação do indígena. Nossa ideia é mostrar o que a UFRR, enquanto Instituto Insikiran, tem feito para atender essa demanda que sai dos povos indígenas de Roraima”, explica a professora.

Programação:

9h – Abertura: atividades cultura e mesa institucional;

9h30 – 10h30 Mesa 1: História do insikiran e os desafios dos povos indígenas

Participantes:
Representante do Conselho Indígena de Roraima
Representante da Organização dos Professores Indígenas de Roraima: Prof. Enilton André.
Docente do Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena: Prof. MSc. Jovina Mafra dos Santos
Mediação: Prof. MSc. Jucilene

10h45 – Debate:

11h – Sarau cultural e lanche compartilhado

Mesa 02: Boas práticas e o impactos sociais da formação superior indígena.
Participantes: Curso deLicenciatura Intercultural: Profª. MSc.Mariana Souza Cunha
Curso de Gestão Territorial Indígena: Prof. MSc.Marcos Maciel Lima Cunha
Curso de Gestão Saúde Coletiva Indígena: Profª Dra. Ana Paula Araújo

Egressos:
Licenciatura Intercultural: Profª. Dra. Leia da Silva Ramos
Mediação: Profª. Dra. Iana
Vasconcelos

Apresentação Cultural :Voz e violão Banda Kruviana

Exposição permanente: banners, faixas de projetos de pesquisa, extensão e ensino.


Arte e manutenção da ancestralidade: Luta, resistência e sabedoria

Por conta das demandas dos povos indígenas que buscavam o acesso ao ensino superior, foi criado em 2001 o Núcleo Insikiran de formação superior indígena. A unidade acadêmica desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão com participação de docentes e discentes, organizações e comunidade indígenas.

O Instituto foi o primeiro núcleo de formação superior exclusivo para indígenas no Brasil e oferta três cursos. São eles: Licenciatura Intercultural Indígena, Gestão Territorial Indígena e o Gestão em Saúde Coletiva Indígena.

O conceito do Dia dos Povos Indígenas 2025 da UFRR foi criado por DoneS’ Aunuru e finalizado por Otávio Coelho


Para comemorar o Dia dos Povos Indígenas, DoneS’ fez um desenho que aborda a temática da Luta, Resistência e Sabedoria indígena. O desenho criado por DoneS’ foi finalizado digitalmente pelo designer gráfico, professor e servidor da UFRR, Otávio Coelho. “A arte foi criada nesses eixos temáticos buscando trazer aspectos ancestrais, saberes que perpassam na cultura indígena, como os instrumentos, a música, o arco e flecha, a panela de barro. Todos aspectos da sabedoria indígena, defesa, luta e resistência. As cores também que usei como o vermelho, o amarelo que são cores que mostram que se deve estar sempre em constante aprendizado”, explica o artista.

Com algumas ascendências indígenas, a etnia Wapichana é bastante lembrada por conta do avô que foi Pajé e pelo nome artístico escolhido que lembra a fruta Jenipapo de grande importância para a cultura indígena, inclusive para a arte. “Esse meu vínculo com a arte já vem desde criança na construção de esculturas, cestaria, desenho e a pintura corporal. Esse vínculo foi fortalecido ainda mais com a questão do Jenipapo junto com a música pela banda Kruviana. A arte é o lugar que eu me encontro e que me perco também ao encontrar tantos outros tipos de arte. Sempre estou em busca de aprendizado”, afirma.

O artista também destaca o papel do curso em Gestão Territorial que foi importante para que ele buscasse mais informações sobre a cultura do seu povo. “Esse despertar foi mais enfático quando comecei a cursar a graduação, pois queria entender mais das artes produzidas pelos povos indígenas. Existe uma importância muito grande de continuar cantando as músicas na língua materna, mantendo a cultura dos nossos ancestrais. Isso é o que eu defendo, o que eu sou, é esse meu pertencimento, a própria terra eu sendo parte da natureza”, revela DoneS’.

DoneS’ Aunuru foi o artista responsável por criar a identidade visual que comemora o Dia dos Povos Indígenas 2025 na UFRR – Foto: Pablo Felippe – Coordcom/UFRR

Para o Dia dos Povos Indígenas, o artista DoneS’ Aunuru revela a importância da arte e da manutenção da ancestralidade indígena para o futuro. “Eu sempre estou transitando em outros cursos, falando sobre ancestralidade, de como é ser um artista indígena tanto em Roraima como fora do estado. Eu gosto de estar atuando no meio da arte seja pela música, falando sobre ancestralidade ou vivenciando momentos nas comunidades indígenas. Tudo isso envolvendo outras pessoas para que possamos ampliar nosso campo de visão diante de tantos saberes indígenas primordiais para a compreensão da vida. Tenho preocupação com a questão ambiental, com o preconceito que os indígenas sofrem e também sempre busco destacar a questão que nos podemos ser protagonistas como indígenas mesmo. Venho me empenhando muito para aprender mais sobre mim e a universidade com eventos que buscam promover a cultura indígena”, destaca ainda o artista.

Tags: