A Amazônia é uma das regiões com a menor oferta de programas de pós-graduação para a formação de mestres e doutores. Esse cenário, por si só, já evidencia a importância do PPGSOF no estado, onde as oportunidades de qualificação em nível avançado ainda são limitadas. O impacto e a inovação da produção intelectual do PPGSOF, que acaba de completar 12 anos, têm acompanhado a crescente demanda por formação em nível de pós-graduação. O programa tem expandido seu alcance, atendendo cada vez mais a candidatos que buscam qualificação para atuar nos diversos níveis do setor público e em instituições da sociedade civil.
A produção intelectual do PPGSOF tem se consolidado na análise das dinâmicas sociais, políticas e econômicas que caracterizam a região amazônica e suas fronteiras. Os trabalhos desenvolvidos no programa refletem a diversidade e a complexidade dos fenômenos que permeiam o território, com ênfase em temas como migração e mobilidade humana, territorialidades e conflitos socioambientais, políticas públicas, direitos indígenas e economia regional.
Uma característica marcante da produção acadêmica do PPGSOF é sua interdisciplinaridade, que permite a articulação entre diferentes áreas do conhecimento para compreender fenômenos estruturais e emergentes na Amazônia. Muitos dos estudos são publicados em periódicos de alta qualificação (A1 e A2 no Qualis CAPES) e em coletâneas organizadas por docentes e pesquisadores do programa.
Os impactos das pesquisas transcendem o meio acadêmico e possuem implicações sociais, econômicas e culturais significativas. As análises sobre migração venezuelana, por exemplo, têm servido de base para a formulação e aprimoramento de políticas públicas de acolhimento e integração de refugiados. Estudos sobre territorialidades indígenas e garimpo ilegal contribuem para debates sobre direitos humanos, sustentabilidade e a preservação dos modos de vida tradicionais na Amazônia. Da mesma forma, as pesquisas voltadas para a economia regional e políticas de desenvolvimento podem contribuir para gestores públicos e atores sociais envolvidos na busca por soluções mais sustentáveis para a região.
Além do impacto acadêmico e institucional, a produção do PPGSOF também se destaca pela conexão com as comunidades locais, muitas vezes incorporando a participação de egressos, lideranças comunitárias e grupos indígenas em suas investigações. Esse aspecto mostra o compromisso do programa com a produção do conhecimento científico aplicado à transformação social, garantindo um diálogo ativo com as realidades regionais e contribua para mudanças concretas.
A produção intelectual do PPGSOF está fortemente alinhada com sua missão de contribuir para o desenvolvimento regional por meio da produção de conhecimento interdisciplinar e da formação de recursos humanos qualificados para refletir e atuar sobre os desafios sociais, culturais, econômicos e ambientais presentes na Amazônia, especialmente no estado de Roraima.
A diversidade de pesquisas desenvolvidas no programa reflete esse compromisso ao abordar temas que estão no cerne das dinâmicas amazônicas e das populações fronteiriças, como migração e mobilidade humana, territorialidades indígenas, conflitos socioambientais, políticas públicas e desenvolvimento econômico regional. A interdisciplinaridade presente nas investigações possibilita uma compreensão ampliada dessas questões, promovendo reflexões que vão além das fronteiras acadêmicas e dialogam diretamente com a realidade da região.
O PPGSOF tem como objetivo central a formação de recursos humanos capacitados para analisar criticamente as condições de vida das populações amazônicas e atuar na promoção do desenvolvimento regional. Nesse sentido, os estudos conduzidos pelo programa não apenas produzem conhecimento teórico, mas também geram impactos concretos na formulação de políticas públicas e na criação de estratégias para a superação de desafios locais. Pesquisas sobre migração venezuelana e políticas de acolhimento, por exemplo, têm fornecido subsídios para ações governamentais e humanitárias, enquanto investigações sobre garimpo ilegal e degradação ambiental contribuem para a construção de políticas voltadas à proteção de territórios indígenas e à sustentabilidade da Amazônia.
Além disso, o programa busca promover reflexões e pesquisas sobre fronteiras e relações sociais na região amazônica, algo que se reflete diretamente na produção acadêmica, com estudos que analisam os impactos das migrações internacionais, as políticas de controle de mobilidade e a construção das identidades sociais na Amazônia transfronteiriça. Esse alinhamento também se manifesta na forma como a produção científica do PPGSOF busca difundir o conhecimento sobre problemáticas sociais da Amazônia em espaços institucionais e públicos, tornando os debates acessíveis a diferentes setores da sociedade.
Outro aspecto essencial é o papel do PPGSOF na formação de docentes, pesquisadores e profissionais qualificados para atuar em organizações governamentais, não governamentais e movimentos sociais. A participação de egressos e estudantes indígenas em projetos de pesquisa e extensão reforça esse compromisso, garantindo que a produção acadêmica esteja conectada às necessidades das populações locais e seja conduzida de forma colaborativa.
Por fim, a divulgação da produção acadêmica tem sido uma prioridade do programa, os estudos não são apenas restritos à comunidade científica, contribui para a gestão pública, comunidades tradicionais, movimentos sociais e organizações internacionais, ampliando o impacto do conhecimento produzido. Dessa forma, a produção intelectual do PPGSOF não apenas responde aos objetivos institucionais do programa, mas se materializa como um instrumento essencial de transformação.
A produção intelectual do PPGSOF está profundamente conectada com sua área de concentração e suas três linhas de pesquisa, refletindo a estruturalmente o programa através de estudo das dinâmicas sociais, culturais, econômicas e ambientais da Amazônia. A área de concentração Sociedade e Fronteiras abrange as relações societárias na região amazônica, analisando tanto as fronteiras institucionais e simbólicas quanto as políticas de cooperação e desenvolvimento regional, conflitos sociais, políticas públicas e questões ambientais.
A linha de pesquisa Fronteiras e Práticas de Mobilidade Humana foca nos deslocamentos populacionais, investigando os aspectos teóricos e metodológicos da mobilidade na região e suas implicações. As pesquisas desenvolvidas nesse campo analisam as políticas migratórias e humanitárias, as formas de governança e assistência a migrantes e refugiados, além das relações entre mobilidade e mercado de trabalho. Os estudos sobre migração venezuelana, por exemplo, têm fornecido subsídios para compreender como políticas de acolhimento e interiorização impactam as populações migrantes e as cidades receptoras.
A linha Interculturalidade e Processos Sociais na Amazônia se concentra na diversidade social e na produção de saberes em diferentes contextos amazônicos. As investigações realizadas nesse eixo abordam questões étnicas, raciais, de gênero, religiosas e de nacionalidade, além da valorização das formas de vida e dos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas e comunidades locais. Muitos trabalhos analisam a relação entre educação e identidade cultural, buscando compreender como práticas pedagógicas podem ser adaptadas para respeitar e fortalecer os modos de vida das populações indígenas.
A linha Territorialidades e Conflitos Socioambientais na Amazônia investiga os impactos da ocupação econômica na região e os desafios enfrentados por grupos tradicionais em um contexto de expansão da economia de mercado. Pesquisas sobre o avanço do garimpo ilegal, os conflitos territoriais e os impactos ambientais das atividades extrativistas ilustram bem como essa linha de pesquisa contribui para a formulação de estratégias de mitigação dos danos e de proteção dos direitos das comunidades locais.
Com relação aos destaques da produção intelectual do programa, o artigo “Spatiality and Control of Bodies: Boa Vista and the Venezuelan Human Mobility”, de autoria do professor João Carlos Jarochinski Silva, em coautoria com Vanessa Palacio Boson e Gabriella Barbosa Villaca da Silva, publicado em um periódico A1, apresenta uma análise inovadora sobre a mobilidade humana e os mecanismos de controle territorial na cidade de Boa Vista, principal porta de entrada para refugiados venezuelanos no Brasil.
A pesquisa se destaca pelo seu impacto na compreensão das dinâmicas migratórias contemporâneas, ao evidenciar como a mobilidade dos migrantes venezuelanos é condicionada por políticas de controle, infraestrutura urbana e dinâmicas de exclusão social. O artigo contribui para a literatura acadêmica ao inserir uma perspectiva espacial na análise da gestão migratória, diferenciando-se de abordagens que focam exclusivamente nos aspectos jurídicos e econômicos da migração. Essa abordagem interseccional permite um olhar aprofundado sobre a biopolítica e a territorialidade, revelando como os espaços urbanos são utilizados tanto como instrumentos de acolhimento quanto de segregação.
O caráter inovador da produção reside na maneira como articula conceitos de territorialidade, soberania e controle estatal, desafiando leituras convencionais sobre mobilidade forçada. A pesquisa questiona a eficácia das políticas migratórias implementadas no Brasil, abordando os efeitos da burocracia e da securitização da fronteira sobre a vida cotidiana dos migrantes. Além disso, destaca as estratégias de resistência dos refugiados e suas formas de reivindicar pertencimento, demonstrando que a mobilidade humana não pode ser compreendida apenas a partir das decisões institucionais, mas também pelo modo como os sujeitos se deslocam e reconfiguram os espaços urbanos.
A relevância do artigo também se manifesta no seu impacto acadêmico e social. O periódico A1 onde foi publicado é um dos mais bem avaliados na área de estudos migratórios e fronteiriços, o que garante ampla visibilidade da pesquisa no meio acadêmico. Além disso, a publicação se insere em debates globais sobre deslocamentos forçados e políticas migratórias, tornando-se uma referência para acadêmicos, formuladores de políticas públicas e organizações humanitárias interessadas em construir estratégias mais inclusivas e eficazes de acolhimento.
Esse estudo não apenas amplia as discussões sobre mobilidade humana em contextos fronteiriços, mas também reforça a necessidade de repensar as políticas de acolhimento e integração dos refugiados em cidades intermediárias como Boa Vista. Ao iluminar as tensões entre hospitalidade e controle, o artigo fornece subsídios para reflexões mais profundas sobre os desafios enfrentados por populações migrantes e os impactos da governança migratória na estruturação dos territórios urbanos.
O artigo “O Lumpemproletariado no Contexto da Migração Venezuelana em Roraima”, de autoria de Max André de Araújo Ferreira, publicado na revista Boletim de Conjuntura (BOCA) de qualis A1, oferece uma análise aprofundada sobre a classificação dos migrantes venezuelanos que chegaram a Roraima sob a ótica do conceito de lumpemproletariado.
A pesquisa busca compreender se os migrantes venezuelanos podem ser enquadrados na categoria de lumpemproletariado, conforme as definições clássicas de teóricos como Karl Marx. Para isso, os autores realizaram uma revisão narrativa da literatura existente, estabelecendo relações entre a teoria e a realidade observável dos migrantes oriundos da Venezuela. O estudo concluiu que os migrantes analisados correspondem às classificações clássicas de lumpemproletariado, destacando-se por estarem à margem do mercado formal de trabalho e enfrentarem condições socioeconômicas precárias.
O caráter inovador da produção reside na aplicação do conceito de lumpemproletariado ao contexto específico da migração venezuelana em Roraima, oferecendo uma nova perspectiva para a análise das condições sociais e econômicas desses migrantes. Ao utilizar essa abordagem teórica, os autores contribuem para uma compreensão mais ampla das dinâmicas de exclusão e marginalização enfrentadas pelos venezuelanos no Brasil.
Este estudo é relevante para a formulação de políticas públicas voltadas à integração dos migrantes venezuelanos, pois oferece informações sobre as condições de vida e os desafios enfrentados por essa população. Ao evidenciar a necessidade de políticas inclusivas que considerem as especificidades dos migrantes classificados como lumpemproletariado, o artigo contribui para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes de acolhimento e integração social. Este artigo destaca-se por sua abordagem teórica inovadora e pela relevância social do tema, contribuindo para o entendimento das complexas dinâmicas migratórias e sociais em Roraima.
O artigo “From Transnational to Trans-Indigenous: A Critical Analysis of the Role of Categorization and Everyday Coloniality in Indigenous Mobilities”, de autoria de João Carlos Jarochinski Silva, em coautoria com Gabriela Mezzanotti e Alyssa Marie Kvalvaag, publicado em um periódico internacional indexado na Scopus e na Web of Science, propõe uma abordagem inovadora para o estudo das mobilidades indígenas, deslocando o foco das análises tradicionais sobre migração transnacional para um conceito mais amplo de “trans-indigeneidade”.
A pesquisa questiona as categorias convencionais de migração, refúgio e cidadania ao analisar como as populações indígenas desafiam as fronteiras nacionais e resistem às imposições coloniais que tentam enquadrá-las em definições jurídico-estatais rígidas. Em vez de considerar a migração indígena dentro dos moldes do transnacionalismo, o estudo propõe o conceito de “trans-indigenous”, argumentando que as populações indígenas possuem redes de mobilidade próprias, independentes das estruturas dos Estados-nação.
O caráter inovador da produção reside justamente nessa mudança conceitual, ao desafiar as abordagens tradicionais que reduzem a migração indígena a deslocamentos internacionais regulados por Estados e organismos internacionais. O estudo destaca como a colonialidade do poder ainda se manifesta no modo como as populações indígenas migrantes são categorizadas e tratadas, evidenciando a necessidade de políticas públicas que reconheçam suas especificidades e autonomia cultural.
O impacto da pesquisa é reforçado pelo fato de ter sido publicado em um periódico com fator de impacto 1,5 no Journal Citation Reports (JCR), garantindo uma ampla visibilidade na comunidade acadêmica internacional. Além disso, o artigo contribui para debates interdisciplinares em antropologia, estudos decoloniais e política internacional, tornando-se uma referência para acadêmicos, ativistas e formuladores de políticas interessados na mobilidade indígena e nos desafios enfrentados por esses grupos em contextos fronteiriços.
Além da contribuição teórica, o estudo também tem implicações práticas ao fornecer subsídios para organizações que atuam com populações indígenas migrantes, ajudando a reformular políticas de acolhimento e assistência baseadas em uma compreensão mais sensível das realidades indígenas. Dessa forma, o artigo não apenas amplia as discussões acadêmicas, mas também desempenha um papel fundamental na formulação de estratégias mais inclusivas para a garantia de direitos dessas populações.
O artigo “A Corrida do Ouro na Terra Indígena Yanomami: Garimpo e o Genocídio de Haximu”, de autoria da professora Márcia Maria de Oliveira, em coautoria com Corrado Dalmonego, João Paulo Roberti Júnior e Tiago Siqueira Reis, publicado em um periódico A1, examina as implicações do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e suas conexões históricas com o genocídio de Haximu, ocorrido em 1993. O estudo articula eventos passados e recentes para demonstrar como a exploração mineral tem sido um fator central na violência contra os Yanomami, resultando em impactos devastadores para suas comunidades e para o meio ambiente.
O caráter inovador da produção reside na sua abordagem interdisciplinar, que conecta história, antropologia, direito e estudos socioambientais para analisar o garimpo não apenas como uma atividade econômica ilegal, mas como parte de um ciclo contínuo de extermínio e espoliação dos povos indígenas. O estudo argumenta que o genocídio de Haximu não foi um episódio isolado, mas sim um marco dentro de um processo mais amplo de destruição, intensificado pela negligência estatal e pela conivência de setores políticos e econômicos que sustentam a extração ilegal de ouro na Amazônia.
O impacto acadêmico do artigo é significativo, pois a revista onde foi publicado possui um alto fator de impacto e é indexada em bases científicas internacionais, como Scopus e Web of Science, garantindo ampla circulação da pesquisa na comunidade acadêmica global. Além disso, a relevância do estudo transcende o meio acadêmico, alcançando ativistas, organizações de direitos humanos e formuladores de políticas públicas preocupados com a proteção dos povos indígenas e a preservação ambiental.
A pesquisa também fornece subsídios essenciais para o debate sobre políticas públicas de proteção territorial e sobre o papel do Estado na regulamentação da atividade minerária em terras indígenas. Ao evidenciar como o garimpo ilegal perpetua a violência e a degradação ambiental, o artigo contribui diretamente para a formulação de estratégias de combate a essas atividades e para a promoção de direitos indígenas.
Além disso, ao resgatar a memória do genocídio de Haximu e relacioná-lo à crise humanitária enfrentada atualmente pelos Yanomami, o estudo amplia a compreensão sobre as formas contemporâneas de violência estrutural na Amazônia, tornando-se uma leitura indispensável para aqueles que pesquisam conflitos territoriais e socioambientais na região.
O relatório técnico “Oportunidades e Desafios à Integração Local de Pessoas de Origem Venezuelana Interiorizadas no Brasil Durante a Pandemia de COVID-19”, de autoria do professor João Carlos Jarochinski Silva, em coautoria com Carolina Moulin Aguiar, é um documento de grande relevância para a calibração das políticas públicas de acolhimento e interiorização de migrantes venezuelanos no Brasil. A pesquisa foi financiada pelo Governo de Luxemburgo, evidenciando o reconhecimento internacional do estudo e sua contribuição para a formulação de estratégias mais eficazes no contexto migratório.
O relatório analisa os impactos da pandemia de COVID-19 no processo de interiorização dos refugiados venezuelanos, uma das principais medidas adotadas pela Operação Acolhida para descentralizar o fluxo migratório e aliviar a pressão sobre Roraima. O estudo examina as dificuldades enfrentadas pelos migrantes ao serem redistribuídos para outras regiões do Brasil, considerando fatores como empregabilidade, acesso a serviços públicos, moradia e adaptação sociocultural.
O caráter inovador da produção reside na sua abordagem empírica e estratégica, ao fornecer uma análise detalhada baseada em dados coletados diretamente com migrantes, gestores públicos e organizações envolvidas no processo de acolhimento. Ao invés de apenas relatar desafios, o estudo propõe soluções concretas e recomendações para políticas migratórias mais inclusivas, contribuindo para a gestão humanitária e a proteção dos direitos dos refugiados.
O impacto da pesquisa foi significativo, pois orientou ajustes estratégicos na política de interiorização, auxiliando tanto o governo brasileiro quanto organizações internacionais na formulação de respostas mais eficazes ao fluxo migratório venezuelano. Além disso, por ter sido financiado por um ator externo, o relatório reforça a importância da cooperação internacional na gestão de crises humanitárias, promovendo o intercâmbio de boas práticas e fortalecendo o diálogo entre diferentes países e instituições.
A complexidade do estudo se reflete na maneira como analisa as múltiplas dimensões da integração migratória em um contexto de crise sanitária global, abordando desde os obstáculos burocráticos e estruturais até os impactos subjetivos da migração forçada na vida dos refugiados. Esse relatório não apenas contribui para a compreensão da dinâmica migratória venezuelana no Brasil, mas também se torna um instrumento fundamental para a formulação de políticas públicas mais adaptáveis e humanizadas, garantindo maior efetividade na integração dos migrantes e maior previsibilidade para os municípios receptores.
O artigo “Narcogarimpo: Las Afinidades Electivas Entre los Frentes de Minería Ilegal y la Expansión del Narcotráfico en la Amazonía Brasileña”, de autoria do professor Rodrigo Pereira Chagas, investiga a interconexão entre a mineração ilegal e o narcotráfico na Amazônia, destacando como essas atividades ilícitas se complementam e se fortalecem mutuamente. A pesquisa traz uma contribuição essencial para o entendimento das redes criminosas que atuam na região, analisando os impactos socioeconômicos e ambientais desse fenômeno.
O estudo se destaca pelo seu enfoque transnacional, examinando a dinâmica do narcogarimpo não apenas dentro do território brasileiro, mas também nas conexões que essa atividade mantém com Venezuela, Colômbia e Peru. O artigo argumenta que a mineração ilegal e o tráfico de drogas compartilham infraestruturas logísticas, redes financeiras e mecanismos de corrupção, criando um sistema paralelo que desafia as capacidades dos Estados nacionais de conter essas práticas.
O caráter inovador da produção reside na sua análise das chamadas “afinidades eletivas” entre os mercados ilícitos, um conceito que evidencia como diferentes economias criminais se interconectam e geram efeitos multiplicadores sobre a degradação ambiental e social. Ao abordar essa interseção, o estudo contribui para os debates sobre segurança pública, governança ambiental e políticas de combate ao crime organizado na Amazônia.
O impacto do artigo é reforçado pelo fato de ter sido publicado em espanhol, o que amplia seu alcance para pesquisadores e formuladores de políticas em países vizinhos que enfrentam desafios semelhantes. Além disso, o periódico onde foi publicado está indexado em bases internacionais, garantindo visibilidade na comunidade acadêmica global.
A pesquisa também tem implicações práticas significativas, pois fornece insumos para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento ao crime organizado na Amazônia, ajudando autoridades a compreender as complexidades das redes ilícitas que operam na região. Ao destacar como o narcogarimpo contribui para o aumento da violência, do desmatamento e da exploração de populações vulneráveis, o estudo se torna uma referência fundamental para gestores públicos, ativistas e pesquisadores interessados na sustentabilidade e na segurança da Amazônia.
A coletânea “Sociedade e Fronteiras: Contribuições Interdisciplinares para Ampliação da Produção Científica na Amazônia”, organizada pela professora Márcia Maria de Oliveira, em coautoria com Francilene dos Santos Rodrigues e João Paulo Roberti Júnior, reúne estudos interdisciplinares que abordam temas centrais para a compreensão das dinâmicas sociais, econômicas, ambientais e culturais da região amazônica. Publicada pela Editora UFRR, a obra se configura como uma importante contribuição para a consolidação da produção acadêmica regional e para o fortalecimento dos debates sobre as fronteiras amazônicas.
O livro apresenta pesquisas voltadas para questões como mobilidade humana, conflitos territoriais, impactos ambientais, protagonismo feminino, racismo, violência de gênero e crise climática. Ao reunir diferentes perspectivas teóricas e metodológicas, a coletânea promove um diálogo inovador entre múltiplas áreas do conhecimento, oferecendo uma visão ampliada sobre as problemáticas da Amazônia contemporânea.
O caráter inovador da obra reside na sua abordagem interdisciplinar, que permite compreender a complexidade dos fenômenos amazônicos a partir da articulação entre ciências sociais, estudos ambientais, direitos humanos e políticas públicas. Essa diversidade de enfoques amplia o impacto da coletânea, tornando-a uma referência para pesquisadores, formuladores de políticas e agentes sociais interessados em compreender os desafios e as oportunidades da região.
O impacto acadêmico do livro é reforçado pelo seu alcance institucional e regional, pois a coletânea foi concebida como um instrumento de difusão do conhecimento produzido no PPGSOF e em programas de pesquisa correlatos. Além disso, por ser publicada por uma editora universitária, a obra se insere em um esforço contínuo de valorização da ciência produzida na Amazônia, garantindo que os estudos desenvolvidos por pesquisadores da região tenham maior visibilidade e reconhecimento.
Outro aspecto relevante da coletânea é seu potencial de aplicação prática. Ao abordar temas diretamente ligados à realidade amazônica, os estudos reunidos na obra fornecem subsídios para a formulação de políticas públicas, o planejamento territorial e a atuação de organizações governamentais e da sociedade civil. Dessa forma, a publicação não apenas contribui para o fortalecimento da produção científica na região, mas também desempenha um papel essencial na construção de estratégias para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
O artigo “Análise das Coberturas Vacinais de Crianças Menores de um Ano em Roraima, 2013-2017”, de autoria da professora Sandra Maria Franco Buenafonte, em coautoria com Keila Rodrigues da Fonseca, examina os desafios e as disparidades na cobertura vacinal infantil em Roraima, considerando as características socioeconômicas e territoriais da região. A pesquisa aborda a influência de fatores como populações indígenas, fluxo migratório venezuelano e infraestrutura de saúde na adesão às campanhas de vacinação, contribuindo para a formulação de estratégias mais eficazes no âmbito da saúde pública.
O estudo se destaca pela sua abordagem quantitativa e qualitativa, combinando análises estatísticas das taxas de vacinação com entrevistas e percepções de profissionais de saúde sobre os obstáculos enfrentados na imunização de crianças. Esse método inovador permite uma compreensão mais abrangente do fenômeno, evidenciando não apenas os índices numéricos de cobertura vacinal, mas também as dificuldades estruturais e socioculturais que impactam o acesso à imunização na Amazônia.
O impacto acadêmico do artigo é reforçado pelo fato de ter sido publicado em um periódico A3, com indexação em bases científicas reconhecidas como SciELO e LILACS, garantindo ampla visibilidade para a pesquisa. Além disso, o estudo contribui para discussões internacionais sobre equidade na saúde e imunização em populações vulneráveis, podendo ser utilizado como referência para formulação de políticas públicas e intervenções voltadas à ampliação da cobertura vacinal em regiões de difícil acesso.
O artigo também apresenta relevância prática, pois oferece recomendações para gestores da saúde pública, sugerindo adaptações logísticas, fortalecimento das campanhas de conscientização e implementação de estratégias diferenciadas para atender populações migrantes e indígenas. Ao destacar as barreiras enfrentadas pelos profissionais de saúde e pelas famílias, a pesquisa fornece dados fundamentais para a melhoria da distribuição de vacinas e da adesão às campanhas imunológicas na Amazônia.
Outro aspecto relevante é a contextualização do estudo dentro das políticas públicas nacionais de imunização, permitindo que suas conclusões sejam utilizadas como base para ajustes nos planos estratégicos do Ministério da Saúde e de organizações internacionais voltadas à saúde infantil. Dessa forma, o artigo não apenas contribui para o debate acadêmico, mas também se torna um instrumento essencial para a construção de soluções mais eficazes no combate a doenças preveníveis por vacinação.
O artigo “Mobilização Social dos Indígenas de Ka Ubanoko Contra a Realocação nos Abrigos da Operação Acolhida, Boa Vista, Roraima”, de autoria do professor Maxim Paolo Repetto Carreño, em coautoria com Marielys Briceño Altuve e Márcia Maria de Oliveira, analisa as estratégias de resistência adotadas pelos indígenas de Ka Ubanoko diante das tentativas de realocação para abrigos institucionais no contexto da Operação Acolhida. O estudo se insere no debate sobre migração forçada, autonomia indígena e os desafios das políticas de acolhimento no Brasil, fornecendo uma visão crítica sobre as tensões entre as diretrizes governamentais e as reivindicações dos povos indígenas.
O caráter inovador da pesquisa está na sua abordagem centrada na perspectiva indígena, contrapondo-se a análises que tratam exclusivamente das políticas públicas e da logística de acolhimento. O estudo documenta as formas de organização social, as negociações políticas e as estratégias de resistência empregadas pelos indígenas para permanecerem em Ka Ubanoko, reforçando a importância da autodeterminação dos povos indígenas em contextos migratórios.
O impacto acadêmico do artigo é ampliado pelo fato de a pesquisa ser vinculada ao projeto “Estado e Políticas Públicas na Amazônia: Diálogos Críticos sobre Apropriação de Territórios e Recursos Naturais, Mobilidades Humanas e Desestruturação de Sistemas de Conhecimento”, garantindo visibilidade em redes de pesquisa interinstitucionais e contribuindo para o aprofundamento das discussões sobre territorialidade e direitos indígenas.
Além disso, o estudo traz implicações significativas para a formulação de políticas públicas voltadas à proteção dos direitos dos indígenas migrantes, ao evidenciar as limitações das abordagens assistencialistas e a necessidade de incluir as comunidades afetadas nos processos decisórios. A pesquisa ressalta que a imposição de soluções institucionais sem o devido diálogo com as comunidades indígenas pode gerar conflitos e desconsiderar suas especificidades culturais e sociais.
Outro aspecto relevante é a contribuição do artigo para a compreensão das dinâmicas de deslocamento forçado na Amazônia, um tema que ganha cada vez mais relevância diante da intensificação das crises humanitárias e ambientais na região. O estudo se torna, portanto, uma referência fundamental para pesquisadores, gestores públicos e ativistas interessados na interseção entre migração, políticas de acolhimento e direitos indígenas.
O artigo “Foreign Trade and Income Convergence in Latin America”, de autoria do professor Evânio Mascarenhas Paulo, em coautoria com Osmar Tomaz de Souza, investiga a relação entre comércio exterior e convergência de renda na América Latina, analisando como a inserção dos países da região no comércio internacional influencia a redução (ou ampliação) das desigualdades econômicas entre as nações. A pesquisa utiliza métodos econométricos avançados para examinar padrões de convergência econômica, explorando os impactos de fatores estruturais, como a dependência de exportações primárias e a vulnerabilidade dos países latino-americanos.
O artigo aborda o comércio exterior latino-americano através da teoria da dependência econômica e tecnológica em relação ao capitalismo central. A pesquisa se constitui em uma referência importante para a compreensão de questões como modelo nacional-desenvolvimentista, dependência econômica, industrialização, dentre outras. Esses conceitos são fundamentais para entender os megaprojetos estruturantes na ocupação da Amazônia, a industrialização na região e a formação econômica do território amazônico, além de outras questões relevantes, especialmente para linhas de pesquisa específicas.
O impacto acadêmico do artigo é significativo, tendo sido publicado em uma revista internacional indexada em Scopus e Web of Science, com fator de impacto 1,2 no Journal Citation Reports (JCR). Esse reconhecimento garante ampla visibilidade da pesquisa entre economistas, formuladores de políticas e acadêmicos que estudam desenvolvimento econômico e integração regional.
A relevância dessas pesquisas não se limita ao campo acadêmico. Muitos dos estudos desenvolvidos oferecem subsídios diretos para a formulação de políticas públicas mais eficazes, seja no acolhimento de refugiados, na proteção dos povos indígenas, na governança ambiental ou na busca por modelos econômicos mais equitativos para a região. O impacto das produções também se evidencia na qualidade dos periódicos onde os artigos foram publicados, na inserção internacional de suas pesquisas e na capacidade de dialogar com atores governamentais, organizações da sociedade civil e organismos internacionais.
Outro aspecto fundamental é a contribuição do PPGSOF para a formação de recursos humanos altamente qualificados, capacitando docentes, pesquisadores e profissionais que atuam em diversos setores estratégicos. A presença de egressos e discentes indígenas em algumas das pesquisas reforça o compromisso do programa com a inclusão e a valorização dos saberes locais, promovendo uma produção científica que não apenas analisa a realidade amazônica, mas que também contribui para seu desenvolvimento sustentável e socialmente justo.
Dessa forma, a produção acadêmica do PPGSOF não apenas cumpre com os objetivos institucionais do programa, mas se consolida como um instrumento essencial para o avanço do conhecimento sobre as complexas relações sociais e territoriais da Amazônia. Seja por meio de estudos teóricos, investigações empíricas ou relatórios aplicados, as pesquisas aqui destacadas demonstram o papel estratégico da pós-graduação na construção de um futuro mais equilibrado para a região, fortalecendo tanto a ciência quanto as comunidades que dela se beneficiam.