INSTITUCIONAL

Um projeto desenvolvido dentro da Universidade Federal de Roraima conquistou o primeiro lugar na 13ª edição do Encontro Científico do Programa Bolsa de Inovação Tecnológica de Roraima (BITERR). O evento é promovido pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL-RR) em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-RR) e com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RR).

O projeto intitulado “Cardápio Inclusivo: Pictogramas otimizados voltados para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA)” é de autoria da professora do curso de Administração, Jacqueline Rosa, em parceria com o bolsista Israel Christian Araújo Barbosa Almeida.

A docente destaca que a ideia de trabalhar com a temática e elaborar um cardápio inclusivo veio através da vivência da comunidade do curso. “Recepcionamos ano passado no curso de Administração e no curso de mestrado do PROFNIT vários alunos autistas e isso nos causou uma inquietação no sentido de darmos conta. O Israel também sentiu que aumentou os colegas com TEA na sala de aula e a gente começou a falar sobre isso, sobre como vamos fazer o manejo com essas pessoas. Começamos a falar sobre e descobrimos que um dos desafios das pessoas com TEA é a comunicação social. Então, como otimizar e potencializar essa comunicação das pessoas com o TEA? Por meio de pictogramas”, revela.

Os pictogramas são ícones visuais que podem se tornar ferramentas interessantes para apoiar o indivíduo com TEA no aprendizado, na comunicação e em outras áreas da vida. “A literatura mostra que as imagens são efetivas na comunicação com as pessoas autistas, mas essas imagens são mais utilizadas nas áreas da Saúde e Educação. Daí nos perguntamos: E como fica o resto da vida? As pessoas com TEA, elas casam, têm filhos, trabalham, vão ao mercado, panificadora, pizzaria. A sociedade brasileira está preparada para incluir essas pessoas? Não, não está. Pensando nisso, levamos os pictogramas para a área da gestão especificamente para o marketing e vendas e foi daí que nasceu essa proposta inovadora de trazer para um cardápio os pictogramas buscando facilitar essa comunicação”, explica a professora.

No geral, 17 projetos desenvolvidos pelos bolsistas e acompanhados pelos orientadores foram avaliados para o evento. O BITERR possui o objetivo de aproximar o ambiente acadêmico da iniciativa privada na busca por promover a inovação e o empreendedorismo em Roraima.

Conforme o IEL/RR, o programa fomenta o desenvolvimento de empresas e da indústria local, ao aproximar as instituições de ensino a proporem soluções criativas aos desafios enfrentados para o desenvolvimento local.

Com a conquista do prêmio, a ideia da professora Jacqueline é seguir com o projeto para as próximas fases. “Toda essa temática precisa tomar uma dimensão maior, o que justifica a nossa inclusão no mundo da gestão, do marketing e vendas. A ideia é dar continuidade nesse projeto e ele já está cadastrado no Programa de Iniciação Científica da UFRR e vai para uma validação de protótipo desse cardápio. Vamos para uma fase mais aprofundada com uma segunda rodada de avaliação e a ideia é levar isso para o mundo virtual e fazer um software de cardápio interativo”, conta Jacqueline. 

Todos os envolvidos no projeto receberam premiação no Biterr, inclusive, a UFRR que levou o Prêmio de Honra ao Mérito. Diante do projeto, o reitor da UFRR, José Geraldo Ticianeli, destaca a perspectiva da inovação dentro da Universidade. “Vejo essas iniciativas como fundamentais, pois revelam a criatividade e o comprometimento de nossos professores e estudantes na elaboração de projetos voltados para o desenvolvimento do Estado. No contexto do tripé Ensino, Pesquisa e Extensão, a inovação se torna cada vez mais um elemento essencial na construção da nossa universidade e de todas as instituições de ensino superior. Nosso objetivo, enquanto gestão, é oferecer um ambiente que incentive cada vez mais projetos como este, criados dentro da nossa universidade, a gerar um impacto positivo na sociedade roraimense”, afirma o reitor. 

Para Jacqueline, a premiação é um reconhecimento importante, mas o objetivo maior é saber que o projeto pode impactar positivamente outras vidas. “É um tema bastante sensível. Não se trata de ganhar o prêmio, não é só o prêmio em si, isso é uma inovação social e esperamos que toda sociedade seja impactada. Acho que esse prêmio representa para mim, enquanto educadora, mãe de um TDAH, mulher e cidadã, acolhimento. Me emocionei muito ao ganhar o prêmio, pois a gente não esperava. E sentir isso foi algo inexplicável. É uma satisfação maior de dever cumprido enquanto ser humano”, observa ainda.