Publicado em: 19 de abril de 2024
Atualizado em: 18 de abril de 2024
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Daniel dos Santos Pereira, conhecido como Dam, é indígena Makuxi, acadêmico do curso de Artes Visuais da UFRR e vocalista da banda Kruviana. O artista falou um pouco sobre como trabalha a relação entre arte e ativismo

No 19 de abril é comemorado o Dia dos Povos Originários. A data surgiu na década de 1940 e envolve dois acontecimentos: o Congresso Indigenista Interamericano realizado no México, em 1940, e a influência do indigenista brasileiro Marechal Rondon, em 1943.

Para falar sobre essa data e toda luta que ela representa e também os desafios e a valorização da cultura indígena convidamos o acadêmico Daniel dos Santos Pereira (Dam) e a diretora do Instituto Insikiran (INSIKIRAN/UFRR), Ise de Goreth.

Daniel dos Santos Pereira, Makuxi, acadêmico de Artes Visuais

Nascido na comunidade Três Corações (município de Amajari) e acadêmico do curso de Artes Visuais, Dam, 30, é vocalista da Banda Kruviana, projeto de extensão do Instituto Insikiran da UFRR, onde atua desde 2023. Para ele, “o grande potencial desse projeto é que nasceu no Insikiran” e “tem grande imersão cultural e parceria com organizações de luta dos povos indígenas”.

Antes de se projetar na música, ingressou no curso de Matemática em 2011. Durante o curso, ele conta que não havia debates ou ações que abordassem o tema. Foi na pandemia, momento de transição de Matemática para Artes Visuais, que em busca de algo que interligasse o desenho, arte e afins, conheceu o grafismo e surgiu o interesse na cultura “e foi me apresentado a arte como profissão”, relata.

“Faço arte mas, também, faço ativismo”

Questionado sobre como é ser uma liderança artística e política, o cantor afirma que não há como dissociar arte e ativismo. “Tenho a responsabilidade de compartilhar as informações sobre os povos originários às futuras gerações. Sou pai e ensino isso à minha filha, sou um agente de mudanças”, finaliza.

Insikiran e conscientização da diversidade cultural dos povos originários

A coordenadora da Banda Kruviana, Ise de Goreth, trabalha há 12 anos como professora efetiva no Insikiran e esteve presente desde as discussões para criação do então Núcleo, em 2001.

Ise refletiu a respeito da conscientização da luta dos povos e, em especial, dentro da comunidade acadêmica. Para a professora, o mês de abril é considerado o mês das manifestações e reafirmação das lutas pelos direitos dos povos originários, pelo direito de existir.

Conforme a docente, em 2024, o Insikiran pretende aprofundar a discussão sobre as violências que os estudantes indígenas sofrem no ambiente acadêmico e as ações de enfrentamento que a universidade oferece.

Ela destaca que “a comunidade acadêmica deve ter um olhar de respeito, respeito com as especificidades da cultura indígena, respeito à diversidade, respeito à pluralidade étnico-cultural. A universidade deve ser um espaço de acolhida e não um espaço de violência, de preconceitos contra os povos originários”, enfatiza.

Ise também é coordenadora da banda Kruviana, projeto de extensão do qual Dam faz parte. Sobre a chegada do vocalista na Banda Kruviana a professora conta que: “ele trouxe conhecimento e experiência nas Artes Visuais. É gratificante e emocionante acompanhar o envolvimento do Dam no projeto, a transformação que, de certa forma, o projeto contribuiu para que ele, enquanto artista indígena, fortalecesse sua identidade indígena, seus laços com a cultura e com a arte indígenas”.

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