Com projetos de pesquisa voltados para áreas como linguística, literatura, fitotecnia, divulgação científica em escolas públicas, entre outros, seis pesquisadores da Universidade Federal de Roraima (UFRR) conquistaram bolsas de produtividade ofertadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Os professores da UFRR selecionados foram: Ananda Machado, Bianca Maíra de Paiva Ottoni Boldrini, Fábio Almeida de Carvalho, Pollyana Cardoso Chagas, Roberto Mibielli e Tatiana da Silva Capaverde.
Conforme o CNPq, o edital seleciona projetos de pesquisadores “que possuam produção científica, tecnológica e de inovação de destaque em suas respectivas áreas do conhecimento”. O intuito é incentivar a produção científica, tecnológica e de inovação e “promover a continuidade do trabalho desses pesquisadores de alto nível no desenvolvimento de pesquisas científicas e/ou tecnológicas e na formação de pesquisadores em diversos níveis”.
Os projetos são inseridos na linha 1 – Bolsas de Produtividade em Pesquisa – PQ (voltada aos pesquisadores que se destaquem entre seus pares, valorizando sua produção científica) e a linha 2 – Bolsas de Produtividade em Pesquisa Sênior – PQ-Sr (voltada ao pesquisador que se destaque entre seus pares como líder e paradigma na sua área de atuação, valorizando sua produção científica e/ou tecnológica).
Imigração, línguas e literatura indígena em pesquisas voltadas a explorar a Amazônia
Com a pesquisa intitulada “Inventário Nacional da Diversidade Linguística Wapichana e Macuxi em Roraima”, a professora Ananda Machado busca documentar as línguas indígenas Macuxi e Wapichana no estado. “Essas línguas estão tendo cada vez menos falantes. Realizamos o inventário na região Serra da Lua/RR com financiamento do Iphan e agora pretendemos incluir outras regiões indígenas”, afirma.
Ainda conforme a professora, a busca é trazer estratégias de prestigiar e divulgar essas línguas. “Além da pesquisa no ensino e extensão, defendemos os direitos indígenas, humanos, culturais e linguísticos dessa população. É muito difícil conseguir essa bolsa. Concorremos com o país inteiro. O reconhecimento e a bolsa nos incentivam a seguir”, explica.
De autoria do professor Fábio Almeida de Carvalho, a pesquisa “Teoria/Crítica Literária e Diversidade” também retrata a questão indígena, mas agora no contexto da literatura. O objetivo do projeto é investigar a literatura indígena dentro do cenário da cultura literária brasileira nos dias atuais. Assim a pesquisa tem o foco no tipo de texto que vem sendo produzido a partir da entrada de estudantes indígenas no campo dos estudos literários, em cursos de graduação e pós-graduação de universidades públicas brasileiras. “Esses textos provocam rupturas e costumam desrespeitar as tradicionais fronteiras entre a literatura e a prosa acadêmica e entre história, ficção e narrativa de fundo mítico”, destaca. Além disso, o trabalho busca o estudo de questões, como a noção de autoria e outras características desses textos, como a linguagem híbrida e outros.
Para Fábio, a região Norte mostra que tem pesquisadores de qualidade que trabalham as questões amazônicas. “Ainda somos pouquíssimos pesquisadores que temos esse tipo de bolsa. Mas é um grande avanço para uma universidade como a UFRR ter bolsistas de produtividade em pesquisa. Isso é índice que a universidade está produzindo pesquisa de ponta, pesquisa que tem impacto relevante na produção da ciência a e do conhecimento brasileiro”, destaca ainda.
Já a professora Tatiana da Silva Capaverde traz o trabalho “Sujeitos e narrativas glocais: A literatura contemporânea de autores expatriados venezuelanos”. Em um contexto geral, a pesquisa busca analisar as questões do deslocamento cultural em narrativas escritas por autores expatriados venezuelanos. Desta forma, foi investigada a produção narrativa contemporânea de autores, como Miguel Gomes, Juan Carlos Méndez Guédez e Maria Elena Morán Atencio.
Conforme Tatiana, o que une esses autores é que eles possuem em comum a tematização de assuntos, como deslocamentos, mobilidade, migração. “Assim observamos diferentes significações atribuídas a essas mobilidades, às ressignificações dos conceitos de território/nação e lugar, além das relações de identidade e alteridade construídas em narrativas que retratam o contexto glocal”, explica.
Assim como os outros professores, Tatiana destaca o que representa a obtenção da bolsa. “É toda uma trajetória de pesquisa e uma história acadêmica. Estou muito feliz em ter meu projeto reconhecido em âmbito nacional”, revela.
Para o professor Roberto Mibielli, a conquista da bolsa segue uma sequência importante para sua pesquisa. Seguindo a investigação das narrativas de circulação e imigração na Amazônia, o título da sua atual pesquisa é “As formas da violência nas narrativas da Amazônia: Viajantes, migrantes, indígenas e escritores”. Ele destaca que “esta pesquisa se inicia este mês dando continuidade à anterior ampliando agora o escopo do projeto e incluindo a temática da violência na literatura”, diz.
A busca do professor Mibielli é levantar e analisar narrativas e textos literários publicados de viajantes, migrantes, indígenas e escritores da Amazônia, só que a partir dos episódios de violência em seus processos migratórios e de vivência na região. “São textos testimoniais, cartas, blogs e outros. Incluo venezuelanos e outros migrantes. Até a década de 2010 a maioria das pessoas vivendo em Roraima eram migrados de outros estados. No que tange ao nosso estado a questão não se limita as fronteiras internacionais”, avalia.
Divulgação científica em escolas públicas e tecnologias no cultivo de espécies na Amazônia
Saindo do campo da linguística e literatura, a professora Bianca Maíra de Paiva Ottoni Boldrini conseguiu a bolsa com o trabalho intitulado “Exposições entomológicas como ferramenta de divulgação científica em escolas públicas de Roraima”. Conforme Bianca, “o objetivo é avaliar o potencial das exposições entomológicas nas escolas públicas. Principalmente a utilização delas como ferramenta de divulgação científica em Roraima”.
Chegando na área de agronomia, o projeto “Avaliação e validação de tecnologias para o cultivo de fruteiras nativas e adaptadas para a Amazônia Setentrional”, da professora Pollyana Cardoso Chagas busca avaliar e validar tecnologias para o cultivo de espécies às condições da Amazônia Setentrional. “Queremos dar continuidade a obtenção de tecnologias para compor futuramente sistemas de produção para espécies nativas da Amazônia e também daquelas que chamamos de adaptadas que não são nativas da região, mas apresentam um grande potencial de cultivo nas condições do estado, como a pitaya, a ata”, explica Pollyana.
O trabalho destaca que as frutas nativas e outras adaptadas a região tem sido alvo de grande demanda do mercado regional e também dos países caribenhos fronteiriços com Roraima, mas existe pouca oferta de frutas, escassos estudos e informações técnicas que viabilize o cultivo e produção com qualidade. Esse cenário dificulta o melhor atendimento as demandas do mercado local e internacional. “Esperamos continuar trazendo ganhos extremamente significativos no que diz respeito a elaboração de sistema de produção que permita o plantio comercial das espécies nativas e adaptadas da Amazônia, pois não se pode alicerçar uma atividade produtiva baseada somente no extrativismo”, afirma.
Sobre a bolsa, a professora destaca a alegria pelo reconhecimento da pesquisa e os benefícios dos recursos. “Serão importantes para manutenção do programa de pesquisa sob nossa coordenação e isso traz impacto técnico-científico através da formação de recursos humanos especializados nos problemas regionais, publicação de materiais didáticos, técnicos. Enfim, os resultados esperados beneficiarão às Instituições de Pesquisa, os produtores, agricultores familiares e empresários rurais, à população, que serão beneficiadas direta e indiretamente, com a oferta de mais alimentos e a preços acessíveis e o estado que disponibilizará de mais recursos humanos treinados para atuar de acordo com as necessidades e características ecorregionais”, destaca.
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