Pesquisadores da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e Instituto Federal de Roraima (IFRR) receberam a concessão de carta-patente do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). Chamada de “Coletor de efluentes em profundidade”, a tecnologia surgiu por meio da pesquisa orientada pela professora e pesquisadora da UFRR, doutora Fabiana Granja, em conjunto com a professora doutora Márcia Brazão e Silva Brandão, servidora do IFRR e na época aluna do Programa em Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Bionorte-RR), e o mestre Derlano Bentes Capucho, servidor do Governo do Estado de Roraima e da Prefeitura Municipal de Boa Vista que era aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PROCISA). O dispositivo foi criado como fruto de pesquisa realizada dentro dos programas de pós-graduação da UFRR.
Os inventores destacam que a criação do instrumento ocorreu com o objetivo de contornar uma situação que impedia a continuação do desenvolvimento de uma parte da pesquisa realizada em 2018. A intenção era construir um dispositivo que pudesse adentrar os tanques sépticos de unidades de saúde, mas que evitasse a coleta de matéria que estivesse na superfície. Assim o aparato só iria abrir quando atingisse a profundidade desejável pelo pesquisador ao realizar a coleta.
A professora da UFRR, Fabiana Granja, conta que a equipe visava a busca de microrganismos em efluentes hospitalares. Efluentes são os resíduos provenientes de indústrias, dos esgotos e das redes pluviais, ou seja, de atividades humanas que são descartados no meio ambiente na forma de líquidos. “Nesse caso, não tínhamos o coletor adequado e achávamos que não seria possível continuar com a pesquisa. Precisávamos de um coletor acessível, que não fosse contaminar, tinha que ser pesado para afundar e abrir na profundidade adequada. Nós tivemos um problema e para resolver inventamos um objeto. Por isso que virou um modelo de utilidade”, explicou Fabiana.
O dispositivo é composto de material feito de polipropileno e reaproveitável para coleta em profundidade de efluentes hospitalares, industriais, em água de rios, pluviais, poços de água, entre outros. “O coletor tem múltiplos usos e nós temos dois trabalhos científicos mostrando a sua eficiência. Onde houver a necessidade de coleta em profundidade sem a contaminação dos detritos em superfície ou de evaporação dependendo da situação, ele pode ser utilizado. Desde atividades da indústria de combustíveis, agricultura, aquicultura, controle de qualidade de água, poços artesianos, coleta bacteriológica em profundidade e também medição de efluentes e águas para consumo”, destacou o mestre e inventor, Derlano Capucho, que ficou responsável pelo desenho técnico da tecnologia e testagens.
O depósito da patente ocorreu em maio de 2018, fase em que detinham uma expectativa de direito sobre o dispositivo. O trabalho de cooperação realizado pela UFRR e IFRR resultou na concessão da patente que concede às instituições o poder de proteger a inovação contra a reprodução não autorizada, venda, uso, importação ou qualquer atividade relacionada ao produto ou processo patenteado, sem seu consentimento prévio. “Com a patente, o coletor é um produto das duas instituições por 10 anos. Um dispositivo pensado que passou por todos os trâmites para sua concessão e todo elaborado em Roraima. Eu destaco o trabalho e apoio da Agência de Inovação do IFRR (AGIF/IFRR) com a atuação do professor doutorando Vinicius Tocantins Marques e atualmente da professora doutora Karla Santana Morais que estiveram à frente de todo o processo desde a redação da patente, depósito e acompanhamento das fases posteriores. A maioria dos depósitos não chegam até o final e podemos nos ver como referência em inovação e propriedade intelectual”, avaliou Fabiana Granja.
A inventora Márcia Brazão e Silva Brandão também destacou a criação do coletor como fruto da união de esforços das duas instituições na busca pela inovação dentro de Roraima. “Estamos extremamente orgulhosos de receber a Carta-Patente, o que valida o esforço e a dedicação da equipe de pesquisa e inovação das instituições envolvidas. O modelo de utilidade é acessível comercialmente e agora nosso objetivo é divulgar para fazermos a transferência da tecnologia para ela servir ao mercado e a sociedade roraimense”, afirmou.
Acordo de Cooperação
A UFRR e o IFRR realizaram um acordo de cooperação interinstitucional para a cotitularidade da patente ainda no ano de 2018 firmado no prédio da Reitoria da Universidade Federal de Roraima. Na época, o ato de formalização da parceria foi destacado como a primeira entre as duas instituições com o objetivo de redigir, depositar e manter os trâmites necessários, além do acompanhamento da inovação até a possível concessão da patente para o Coletor em um processo que durou cinco anos.
Para o vice-reitor da UFRR, professor doutor Silvestre Lopes da Nóbrega, a obtenção da patente demonstra que as duas instituições buscam contribuir com a sociedade roraimense por meio da inovação. “A UFRR e o IFRR com essa conquista mostram que estão fortes no processo de inovação com a pós-graduação realizando suas pesquisas e registrando seus produtos. Nós ficamos contentes com o resultado e, principalmente, pela parceria com o IFRR demonstrando que o trabalho em cooperação com outras instituições melhora os processos e leva ao sucesso de todos os envolvidos”, afirmou.
A reitora do IFRR, professora Nilra Jane Filgueira, enfatizou a conquista como a legitimação da vocação científica, tecnológica e educacional, além da manutenção do compromisso das instituições com o desenvolvimento local. “Parabenizo os inventores, todos os gestores e servidores das instituições que, ao longo dos últimos cinco anos, trabalharam para tornar esse sonho realidade”, complementou a gestora.
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