Publicado em: 11 de abril de 2025
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O médico Assis Ducley atua no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y), uma das regiões mais desafiadoras do país em termos de acesso à saúde. Paranaense, ele chegou a Roraima pelo Programa Mais Médicos e, desde 2020, trabalha em comunidades indígenas da TI Yanomami. Em fevereiro deste ano, começou a usar o sistema de Telessaúde, iniciativa que tem mudado a forma de atendimento em locais isolados.

Dr. Assis Ducley: telessaúde permite resposta “mais rápida e eficaz.”

“A Telessaúde está sendo implantada desde 2024. Usei pela primeira vez em fevereiro, quando ainda tinha alguns receios e dúvidas. O retorno que recebi pela plataforma me ajudou muito”, conta Assis. O serviço que o médico utilizou foi a teleconsultoria, que permite que profissionais da linha de frente tirem dúvidas com especialistas à distância. No caso de Assis, o apoio foi essencial para conduzir um caso delicado de pediatria.

Apesar dos avanços, o médico reconhece desafios, como a falta de conexão com a internet em postos de saúde dentro das comunidades. “A gente trabalha lá dentro. Quando aparece um caso grave e precisamos fazer uma interconsulta, temos que voltar para casa, onde tem sinal”, explica. Diferente da teleconsultoria, em que a as questões do profissional de campo são respondidas em até 72 horas, a teleinterconsulta é realizada ao vivo entre o profissional em área com seu paciente e um especialista na cidade, por meio da internet.

Com a experiência, ele deixa uma dica para colegas que estão começando a usar a ferramenta: “Se pegar um paciente complicado, já escreve na plataforma pelo aplicativo. Isso ajuda a ter uma resposta mais rápida e eficaz.”

Em uma região onde o isolamento geográfico impõe barreiras históricas ao cuidado em saúde, a telessaúde surge como aliada. E profissionais como Assis mostram, na prática, que tecnologia e dedicação podem fazer a diferença onde mais se precisa.

O uso da telessaúde por profissionais do Dsei Yanomami e Ye’kuana e do Dsei Leste se alinha aos esforços da Universidade Federal de Roraima (UFRR), que mantém o Núcleo de Telessaúde como ação de extensão. Integrado ao Programa Telessaúde Brasil Redes, do Ministério da Saúde, o núcleo busca ampliar o acesso à educação permanente e ao apoio assistencial no Sistema Único de Saúde (SUS), promovendo o uso de tecnologias digitais para melhorar o cuidado em todo o território, incluindo áreas de difícil acesso.


GLOSSÁRIO DA TELESSAÚDE

Teleconsultoria: Serviço de suporte técnico entre profissionais de saúde para esclarecimento de dúvidas clínicas ou administrativas, geralmente via telefone, e-mail ou plataformas digitais.

Telediagnóstico: Uso de tecnologia para realizar exames e emitir laudos à distância, permitindo diagnóstico remoto por especialistas.

Teleconsulta: Atendimento médico ou de outros profissionais de saúde realizado a distância, mediado por tecnologias digitais de informação e comunicação – TDIC (por telefone, videoconferência, ferramenta de conversa instantânea ou outras aplicações).

Teleinterconsulta: Interação remota para a troca de opiniões e informações clínicas, laboratoriais e de imagens entre profissionais de saúde, com a presença do paciente, para auxílio diagnóstico ou terapêutico, facilitando a atuação interprofissional.

Institucional – O Núcleo de Telessaúde é uma ação de Extensão da Universidade Federal de Roraima, integrado ao Programa Telessaúde Brasil Redes, do Ministério da Saúde (MS). Em nível nacional, o programa visa aprimorar o atendimento no SUS, abrangendo desde a Atenção Básica até os serviços mais complexos, por meio do uso de Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação, integrando Educação Permanente em Saúde (EPS) e apoio assistencial por meio de ferramentas e tecnologias digitais.